O Expresso foi o primeiro a anunciar, ao final da tarde de terça-feira, que António Costa decidira avançar para a corrida à liderança do PS. A notícia foi repetida depois por vários órgãos de comunicação social (entre os quais a Antena 1). Costa, renitente no passado em relação a uma dupla candidatura decidira, afinal, tentar conquistar Lisboa e o PS. Aos jornalistas foi dada a indicação de que falaria à entrada para a reunião no Rato.
A direção do PS foi a primeira a chegar à sede do PS. Aos jornalistas à entrada, Miguel Laranjeiro e João Ribeiro falaram em deslealdade.
Pedro Silva Pereira, Edite Estrela e Maria de Belém preferiram nada dizer. Marcos Perestrelo pediu serenidade. Pedro Nuno Santos admitiu que o PS tinha de ver quem era o melhor para liderar o partido.Álvaro Beleza queixava-se de falta de fraternidade interna. Renato Sampaio e José Lello já falavam no nome de Costa.
António Costa chegou ao Rato com Francisco Assis (que nas últimas diretas avançou contra Seguro depois de Costa ter decidido não o fazer) e Ana Catarina Mendes (ex-diretora de campanha de Assis).
Aos jornalistas limitou-se a dizer que ia ouvir o secretário-geral para depois falar. Notada foi a paragem junto às escadas no interior da sede para posar para os fotógrafos...
A reunião começou com um discurso duríssimo de Seguro. O líder socialista falou em cinismo, hipocrisia, ambiente de fação. Disse que não admitia que nenhum combate político fosse condicionado por agendas pessoais, por mera ambição pessoal e pelo regresso ao passado. Queixou-se de obstrução permanente à ação da direção. Apontou deslealdade interna pondo em causa o exercício das suas funções, lembrando que os críticos nunca tinham falado nos órgãos próprios, que estavam a pôr em causa o esforço de ano e meio da direção numa altura em que os portugueses precisam do PS e este devia estar centrado no ataque ao Governo. Seguro acrescentou que era necessária uma clarificação anunciado a sua recandidatura.
Quando Costa falou, o que ficou foi um "se..."
Quando todos esperavam ouvir um anúncio do presidente da câmara de Lisboa, de Costa saiu um desafio a Seguro: Ou unia o PS ou tinha adversário nas diretas.
Este "agarrem-me senão candidato-me" não coincidia com o que horas antes tinha chegado aos jornalistas. A explicação acabaria por chegar - Costa faria mais tarde uma segunda intervenção com o anúncio.
A reunião já ia longa e tensa, agitada ainda mais por uma troca de palavras entre Seguro e Costa depois do secretário-geral do PS ter confrontado o autarca com uma notícia da agência Lusa que dizia naquele momento que Costa era candidato à liderança.
A reunião começou às 21:30 e acabou perto das 3:30.
E não teve segunda intervenção de Costa.
Teve sim um abraço entre os dois (registado pelo fotógrafo do PS), uma vitória esmagadora de Seguro e para a história uma segunda tentativa frustrada de Costa que saiu anunciando diálogo com vista à unidade. Peça aqui.
O que fez António Costa mudar de opinião ? No(s) dia(s) seguinte(s) os apoiantes do autarca ainda tentavam digerir a reunião da comissão política. "Costa percebeu que o partido não queria um confronto nesta altura", justificam. Mas só percebeu isso na comissão política ?
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