Jorge Miranda faz 70 anos esta sexta-feira. Jubilou-se, mas vai continuar a dar a aulas porque "é aquilo que sabe fazer". Nesta entrevista o Prof. Catedrático da Universidade de Lisboa e da Católica apresenta-se desiludido com a forma como está o sistema político em Portugal. Não percebe porque é que Cavaco Silva nada fez, porque não demitiu Sócrates depois de 9 de Março "porque ele fez uma moção de censura ao governo", nem percebe porque o PM não se demitiu. Hoje não é um abstencionista: vota em branco. Há mais para ouvir deste Professor de Direito.
Em entrevista à Antena1, Jorge Miranda afirma que Cavaco Silva (15'20'')devia ter demitido o governo ou Sócrates devia ter-se demitido depois do discurso de posse. O facto de não ter acontecido nem uma coisa nem outra denuncia um sistema que não está a funcionar “em qualquer país normal uma destas coisas teria acontecido”.
Considera que, nesta crise do “lamentável chumbo do PEC4”, não faltaram poderes na Constituição para o PR intervir (17'30''). Podia ter apelado a um acordo como fez agora (quando apelou a um governo maioritário) para evitar a dissolução. “Era o que eu esperava dele”
Jorge Miranda constata a incomunicabilidade entre os agentes políticos (13’01’’): PR, PM e Passos Coelho. O que é sinal de um entendimento errado da democracia.
Entende que das eleições de 5 de Junho deve sair um governo de Bloco Central (23’09’’), porque o que está para vir não se resolve com uma maioria de um só partido e muito menos uma maioria de Direita. Se for caso disso o PR deve tentar que o governo seja liderado por outros protagonistas. Isso é possível??? Vai ter de ser porque a situação assim o exige.
Considera Jorge Miranda que o actual sistema de partidos está em estado comatoso (5’11’’), sem qualquer capacidade de renovação onde os chefes partidários dominam por completo
E dá 2 exemplos: o caso Fernando Nobre (5’40’’) é o exemplo de degradação total pelo facto de desrespeitar a votação, por voto secreto para a eleição para PAR.
Outro exemplo foi o Congresso do PS (6’43’’), de unanimismo, tal como nos antigos tempos albaneses, sendo que há responsáveis por isto. Chamam-se Sá Carneiro e Mário Soares que nos inícios de 80 formataram o PSD e o PS como partidos que obedecem ao chefe.
Faz, no entanto, justiça a Sá Carneiro e Mário Soares (9’11) que se fossem hoje líderes dos respectivos partidos, pela sua qualidade, a situação não seria esta. “Faço-lhes essa justiça”.
Jorge Miranda define-se como um social-democrata de inspiração cristã. Questionado sobre se se revê nos partidos do actual espectro partidário, diz que não. Como não é abstencionista, tem votado em branco (26’10’’) e concorda com a proposta de Campos e Cunha de deixar no parlamento lugares vagos provenientes dos votos em branco. “Acho que é uma boa ideia”, porque é uma forma positiva de dar conta aos partidos da insatisfação dos eleitores.
Sem comentários:
Enviar um comentário